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Em comemoração ao dia da mulher moçambicana: a massa feminina do FIPAG visita crianças deficientes

O orfanato Dom Orione foi o local escolhido pelas mulheres para dar início a festa da mulher moçambicana, na agradável companhia dos petizes de palmo e meio. Este orfanato localizado em Maputo é resultado da obra do Dom Orione, da Congregação dos Padres Orionitas com sede na cidade de Roma e com presença em mais de 30 países.

Orione a fim de realizar a missão evangélica, difundiu pelo mundo fora as riquezas espirituais e materiais provenientes da Divina Providência e do seu coração sem fronteiras. Em Moçambique o orfanato surgiu depois da guerra dos 16 anos, inicialmente acolhia pessoas de quase todas as faixas etárias, dentre elas, adultos desfavorecidos, crianças órfãs e crianças que eram abandonadas no Hospital Central de Maputo, acolhendo-as.

Contudo, o crescimento do número de pessoas a necessitarem de assistência obrigou a mais apoios para fazer face a demanda, tendo o Ministério da Mulher e da Acção Social ordenado a escolha de um grupo-alvo específico, razão pela qual em 2002 transformou-se num orfanato com atenção virada as crianças com necessidades especiais.

Na chegada ao orfanato, as mulheres procederam a entrega do donativo, e de seguida foram conduzidas ao pátio onde as crianças se encontravam a ’’apanhar ar fresco’’ aos cuidados das assistentes. Actualmente, o orfanato conta com trinta e oito crianças, das quais seis são órfãs de pai e mãe, a maioria das crianças foram abandonadas na rua pelos familiares, mas também há pais que foram deixar pessoalmente as suas crianças naquele orfanato, lamentavelmente, desapareceram e nunca mais foram visitar os seus filhos.

Maior parte das crianças sofre de doenças cerebrais causada por asfixia durante o parto, malária cerebral, meninguite, e microcefalia. Algumas crianças encontram-se muito debilitadas, não são capazes de andar, sentar, falar, e alimentar, o que as torna totalmente dependentes de alguém para sobreviver. No orfanato Dom Orione existem senhoras que prestam assistência as crianças durante todo o dia, elas são tidas como segundas mães e, dentre várias tarefas, dão de comer aos petizes, lavam-nos e ajudam-nos no que for preciso.

Depois de visitar o pátio, as mulheres são convidadas para ’’conhecer a casa’’, e fazem uma visita guiada às instalações, na ocasião, passearam pelo centro de fisioterapia e presenciaram de perto uma sessão de fisioterapia. Graças ao trabalho de reabilitação desenvolvido no orfanato tem reduzido o número de crianças com os membros superiores e inferiores paralisados. “Há crianças que nem conseguiam comer sozinhas, hoje conseguem fazê-lo. Temos crianças que não conseguiam andar, mas já tentam fazê-lo, a fisioterapia está a valer muito para a reabilitação das crianças. É verdade que não se pode eliminar todas as sequelas, mas vamos fazer aquilo que for possível’’, disse o técnico de de fisioterapia que em tempos era funcionário do Ministério da Saúde, hoje reformado, dedica o seu trabalho as crianças com deficiências motoras acolhidas pelo orfanato.

Em conversa, o assistente social esclareceu que em Moçambique existem muitas crianças portadoras de deficiência mental, não nos apercebemos disso porque as famílias escondem as crianças, tiram-nas do convívio social, e muitas vezes estão sujeitas a maus tratos. No geral, a criança portadora de deficiência é alvo de descriminação por parte da sociedade que evoca crenças ligadas a feitiçaria, chegando a comparar a estas crianças indefesas com demónios.

’’Abandono de crianças é crime, poucas vezes ouvimos dizer que alguém foi preso por este comportamento. Encontramos crianças abandonadas nos hospitais, crianças atiradas na lixeira, outras crianças chegam ao orfanato através de denúncias populares’’, disse o assistente social quando mostrava a sua indignação em relação ao abandono de crianças. ’’Após a família aperceber-se do desaparecimento das crianças, não procuram ter informação da criança junto aos país’’, acrescentou.

No final da visita, as mulheres foram agradecidas pelo gesto de solidariedade, e por terem presenteado com as suas calorosas presenças, aquelas crianças muitas delas esquecidas pelos familiares. Não obstante os diversos tipos de apoios que o orfanato tem recebido, ainda há obstáculos por ultrapassar, planos e sonhos por concretizar de modo a garantir os melhores serviços as crianças. Um dos projectos é um complexo de medicina que contará com um gabinete de atendimento médico para serviços de terapia de fala, psiquiatria, entre outros serviços de reabilitação para pessoas acometidas de deficiência motora e não só.

O orfanato tem sido um ponto de referência para estudantes de diferentes estabelecimentos de ensino, trata-se de estudantes que frequentam na sua maioria cursos que directos ou indirectamente estão relacionados com a Acção Social que escolhem aquele orfanato para aulas práticas e estágios nesta área.

domingo, 10 julho 2016 07:54